quinta-feira, 24 de junho de 2010

Liberdade de Expressão vs Liberdade de Imprensa


Liberdade de Expressão - Luis Nassif from Raphael Tsavkko on Vimeo.<

Luis Nassif OnLine

Vídeo com o pedido de desculpes do DUNGA aos torcedores brasileiros :

TIO REI JOGA A TOALHA

REINALDO "CABEÇA-FURADA" AZEVEDO



Vocês sabem que não brigo com números de pesquisa. No máximo, contesto métodos. Já fiz aqui restrições a procedimentos do Sensus e do Vox Populi e faria de novo se eles repetissem as mesmas práticas. Independentemente do resultado. E não há nada de errado com, até onde se sabe, a atuação do Ibope. Os números da pesquisa são estes que estão aí. Não há nada que determine que os números não vão mudar. Hoje, a fotografia é ruim para o tucano José Serra, como já foi para a petista Dilma Rousseff um dia. “É, mas ela está em ascensão, tem o presidente Lula, a economia a favor etc”. Tudo isso é verdade e já era um dado da equação quando ele decidiu se lançar na disputa. Antever que a petista seria competitiva ou pudesse ultrapassar o tucano na pesquisa nunca chegou a ser uma previsão ousada, não é mesmo? Havia quem apostasse nisso para fevereiro. A ultrapassagem só aconteceu no fim de junho.

O resultado é especialmente preocupante para os tucanos porque vem na seqüência do bom programa do PSDB no horário político. Não há muitos reparos a fazer no que foi levado ao ar. Em relação ao Ibope de 6 de junho, em pesquisa encomendada pela TV Globo, ele oscilou dois pontos para baixo, dentro da margem de erro — de 37% para 35% —, e ela cresceu 3, dos mesmos 37% para 40%. No segundo turno, a movimentação foi mais significativa: havia um empate rigoroso em 42%, e agora ela lidera com 45% a 38%.

O candidato tucano anda tendo algumas dificuldades, como a demora em definir o candidato a vice-presidente, por exemplo. Não creio, no entanto, que isso possa ter tido alguma influência. A rigor, ninguém vota em vice. A questão pode gerar, no máximo, notícia negativa na imprensa, mas nada relevante. Caso se tente procurar o “erro” fundamental de Serra e do PSDB, ninguém vai achar. É que a tarefa sempre foi e continuará a ser hercúlea. Nunca antes nestepaiz se viu máquina eleitoral tão azeitada: faz os seus gols com os pés — tem números a exibir —, mas também faz os gols com as mãos, como estamos cansados de ver.

A disputa se dá em condições de absoluto desequilíbrio. A grande campanha em favor de Dilma — além da mobilização pessoal de Lula — está na propaganda oficial e das estais, que já não se distingue da campanha eleitoral. A Petrobras, o Banco do Brasil e a CEF, para citar três casos, não vendem produtos, mas um “novo Brasil”, o mesmo de que fala Dilma. É campanha eleitoral. Pode-se argumentar que também o estado de São Paulo é um grande anunciante. É verdade! Em São Paulo!!! A propaganda das estatais e do governo federal é nacional. Essa propaganda não busca falar apenas com o “povão”. Veja-se, por exemplo, o dito “plano de investimentos” da Petrobras. O Estadão fez hoje um excelente editorial a respeito. A estatal está em plena campanha eleitoral — em favor de Dilma, obviamente.

O horário eleitoral e os eventuais debates — se é que Dilma vai comparecer — tendem não a igualar as condições das disputas (isso é impossível!), mas, ao menos, a minorar os efeitos da desproporção entre a máquina governista e a oposição. O PT sabe que ainda não liquidou a fatura, e o PSDB sabe que algo vai ter de mudar.

Numa campanha, as coisas não caminham sempre num mesmo sentido. Alguns números das pesquisas Datafolha, de 2006, demonstram isso. Em maio daquele ano, Lula aparecia com 45%, e Alckmin, com 22%. Um mês depois, o tucano tinha 29%, e o petista, 46%. Em 8 de agosto, 24% a 47%. Em 5 de setembro, 27% a 51%. A verdade das urnas de outubro foi outra: sete pontos apenas de diferença nos votos válidos.

Cuidado com o rancor

Aos leitores e eleitores descontentes com o resultado, recomendo: “Saibam driblar o rancor dos que já se consideram vitoriosos e se imaginam saqueando o Palácio de Inverno”. Vocês podem imaginar os escombros de moral que já andaram batendo aqui na minha praia. A exemplo de Dunga, esses caras não sabem se comportar quando vencem uma partida e vão longo dando canelada, como se fossem Senhores de Todas as Copas. Não saber ganhar é sempre mais perigoso — e costuma ser mais violento — do que não saber perder. E, obviamente, a disputa ainda não tem vencedores.

Que os números servem à deseducação política, isso é inequívoco, embora não haja nada a fazer nesse particular. A realidade das pesquisas é esta que aí está. Deseduca porque, reitero, o PT tem usado excessivamente a Mão Grande no jogo, e a candidata tem fugido do embate com os adversários, mantendo, como fazem o presidente e sua tropa de choque na Internet, uma linha de indiscreta hostilidade com a imprensa. O resultado ora positivo tende a lhes dizer que esse é mesmo o caminho; os números serão usados como reforço para a incivilidade política.

Não é o caso de dizer aos tucanos para relaxar que o bicho é manso. Não é, não! Eleições têm seus marcos de previsibilidade — no caso, o peso de Lula e da economia —, mas cada uma delas é imprevisível à sua maneira. Em 5 de julho de 2008, Gilberto Kassab tinha 13% das intenções de voto em São Paulo, contra 38% de Marta Suplicy e 31% de Geraldo Alckmin. Lula tinha entrado na campanha para valer. Na véspera do primeiro turno, ela estava com 36%, e ele, com 30%. As urnas apontaram 33,61% para ele e 32,79% para ela; Alckmin ficou com 22,48%. No segundo turno, o agora prefeito obteve 60% dos votos válidos. Há muita coisa a ser feita, inclusive ajuste de discurso.

Um ajuste que requer sangue frio. Não adiantaria, por exemplo, Serra sair chutando a canela de Lula, o que não fez até agora. Continua a ser o sonho de consumo do Babalorixá. Afinal, ainda é o candidato — Dilma só preenche o vazio na cédula. Ele faz de tudo para levar um “terceiro mandato”. Um pouco mais de Brasil real, no entanto, na campanha, não há de fazer mal nenhum. Vejam a tragédia que acaba de colher a população em Alagoas e Pernambuco, deixando mais de 100 mil desabrigados, números que lembram aquelas trágicas monumentalidades da China e da Índia. Não se trata de culpar este governo por isso ou aquilo, mas de apontar uma saída para que coisas assim não se repitam. Não se pode domar a natureza. Mas talvez se possam domar as políticas públicas.

Sei, claro: “Fácil de falar; difícil de fazer”. Enfrentar o paredão da publicidade oficial, que contamina também a imprensa, é a verdadeira dificuldade de Serra e seria a de qualquer um que decidisse enfrentar a candidata do PT. Como em São Mateus, a porta da perdição é larga, e a da salvação, estreita. Nessa disputa, sempre foi assim. A dificuldade nada mais fez do que se materializar. Sempre foi muito difícil, mas continua possível. Assim se fazem as derrotas honradas, sei. MAS ATENÇÃO! ASSIM TAMBÉM SE CONSEGUEM AS VITÓRIAS HOMÉRICAS.


Blog do Oni Presente

A nova Era Dunga: o fim do besteirol esportivo

Na crônica esportiva brasileira, muita gente vai ter que pendurar essas chuteiras





Foi na Copa do Mundo de 1986, no México, com Fernando Vanucci, então apresentador da TV Globo, que a cobertura esportiva brasileira abandonou qualquer traço de jornalismo para se transformar num evento circense, onde a palhaçada, o clichê e o trocadilho infame substituíram a informação, ou pelo menos a tornaram um elemento periférico. Vanucci, simpático e bonachão, criou um mote (“alô você!”) para tornar leve e informal a comunicação nos programas esportivos da Globo, mas acabou por contaminar, involuntariamente, todas as gerações seguintes de jornalistas com a falsa percepção de que a reportagem esportiva é, basicamente, um encadeamento de gracinhas televisivas a serem adaptadas às demais linguagens jornalísticas, a partir do pressuposto de que o consumidor de informações de esporte é, basicamente, um retardado mental. Por diversas razões, Vanucci deixou a Globo, mas a Globo nunca mais abandonou o estilo unidunitê-salamê-minguê nas suas coberturas esportivas, povoadas por sorridentes repórteres de camisa pólo colorida. Aliás, para ser justo, não só a Globo. Todas as demais emissoras adotaram o mesmo estilo, com igual ou menor competência, dali para frente.


Passados quase 25 anos, o estilo burlesco de se cobrir esporte no Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano, esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de futebol. O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico, caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confunde-se com a própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em tempos de copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos, sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

Na Copa de 2006, na Alemanha, essa encenação jornalística chegou ao ápice em torno da idolatria forçada em torno da seleção brasileira penta campeã do mundo, então comandada pelo gentil Carlos Alberto Parreira. Naquela copa, a dominação da TV Globo sobre o evento e o time chegou ao paroxismo. A área de concentração da seleção tornou-se uma espécie de playground particular dos serelepes repórteres globais, lá comandados pela esfuziante Fátima Bernardes, a produzir pequenos reality shows de dentro do ônibus do escrete canarinho. Na época, os repórteres da Globo eram obrigados a entrar ao vivo com um sorriso hiperplastificado no rosto, com o qual ficavam paralisados na tela, como em uma overdose de botox, durante aqueles segundos infindáveis de atraso de sinal que separam as transmissões intercontinentais. Quatro anos antes, Fátima Bernardes havia conquistado espaço semelhante na bem sucedida seleção de Felipão. Sob os olhos fraternais do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi eleita a musa dos jogadores, na Copa de 2002, no Japão. Dentro do ônibus da seleção. Alguém se lembra disso? Eu e a Globo lembramos, está aqui.

O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado. Esse estado de coisas, ao invés de se tornar um aprendizado, gerou uma reação rançosa e desproporcional, bem ao estilo dos meninos mimados que só jogam porque são donos da bola. Assim, o sorriso plástico dos repórteres e apresentadores se transformou em carranca e, as gracinhas, em um patético editorial.

Dunga será demitido da seleção, vença ou perca o mundial. Os interesses comerciais da TV Globo e da CBF estão, é claro, muito acima de sua rabugice fronteiriça e de sua saudável disposição de não se submeter à vontade de jornalistas acostumados a abrir caminho com um crachá na mão. Mas poderá nos deixar de herança o fim de uma era medíocre da crônica esportiva, agora defrontada com um fenômeno com o qual ela pensava não mais ter que se debater: o jornalismo.

Brasilia,eu vi

O PT e as elites políticas regionais

Do Valor


PT tira com uma mão e devolve com a outra
Maria Inês Nassif
24/06/2010

A formação de alianças nos Estados que obedeçam a lógica da disputa federal para a Presidência da República é um tropeço, mesmo para partidos como o PT, onde a última palavra tradicionalmente é a do colegiado nacional. Aliás, principalmente para o PT. E aliás, especialmente em Estados com péssima distribuição de renda; em locais com elites resistentes à modernização econômica e política e pouco propensas a reduzir a prática de lucrar com a pobreza, política e financeiramente, e abrir mão do que ganham com o domínio da máquina de governo local. Por isso o caso da aliança entre PT e PMDB no Maranhão foi tão injustamente desfavorável aos anti-sarneyzistas.

Conflito resolvido a meia-boca, a aliança entre o PT e o PMDB do Maranhão, para apoio à reeleição da governadora Roseana Sarney, é apenas a metade da missa. Rezada por inteiro, até o desfecho "ide em paz e o senhor vos acompanhe", a imposição é a reprodução, internamente, de um conflito com poderosos que no Maranhão data de sempre e desde os anos 50 tem um perdedor certo: quem está do lado oposto à família ao do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). São vitórias eleitorais cujos ingredientes são a manipulação do eleitor pobre, a interdição de movimentos populares e uma inacreditável manutenção da miséria como exército de reserva eterno, imutável, que mantém o Maranhão como Estado pobre cujo produto de exportação mais importante é mão de obra não qualificada para o Pará, Estado que está longe de ser desenvolvido.

Para entender a dramaticidade dessa situação - que é o retrato da política tradicional dos rincões do país -, é preciso repassar a história da própria formação do PT nessas regiões. Na regiões Norte e Nordeste, a base petista foi, antes de tudo, formada nas comissões de base da Igreja católica progressista; nas pastorais que, durante a ditadura, davam algum abrigo à ameaçada mobilização sindical ou por reforma agrária; e pelos movimentos sociais. Essa é uma regra no país inteiro, mas o fato é que, quando mais pobre o Estado, menos chances de autonomia da luta política desses contingentes na política, na vida sindical e em movimentos sociais. Os abrigos naturais são os movimentos sociais e as bases da Igreja. Isto está longe, contudo, de ser uma realidade em que bolsões de miséria, munidos de consciência política e abrigados pela Igreja e por movimentos mais aguerridos, como o MST, lutam heroicamente contra coronéis e seus prepostos. Essa é uma realidade onde a elite manipula, persegue e controla boa parte da população - e ganha eleição com esse voto - e grupos de oposição, vinculados a bolsões de resistência popular, tentam vencer a barreira do domínio político pela exploração da fome e da miséria por essas elites.

A luta institucional, via PT, ainda exerce alguma proteção contra uma política tradicional que manipula Executivo, Legislativo e o Judiciário. Quando a orientação política da direção nacional era a de evitar alianças com os setores locais dominantes - o partido sempre se aliou a pequenos partidos de esquerda -, foram dos movimentos sociais e das bases da igreja progressista que emergiram candidatos para as listas partidárias do PT; e foram de lá que se elegeram representantes dos quais se exige estrita vinculação às sérias exigências de políticos protegidos pelo mandato para representar uma população que não está protegida - nem de governantes, nem de jagunços, nem de grileiros.

Nos Estados do Norte e do Nordeste, a "institucionalização" do PT, isto é, o grau de autonomia que seus representantes ganharam em relação a essas bases muito pobres, varia de acordo com o progresso de cada um desses Estados. O partido não foi de todo institucionalizado em comunidades muito pobres. Mas, mesmo nos lugares onde prevaleceu o poder tradicional, tipo o da família Sarney, ao longo da última década, os avanços conseguidos em função do Bolsa Família reduziu estupidamente a influência dos políticos tradicionais sobre as famílias pobres. O favor político foi substituído pelo cartão do Bolsa Família, que o banco resolve, sem a intermediação do dono da política local.

As exigências da direção nacional do PT, de coligação com o PMDB em Estados que ainda amargam condições de extrema pobreza, baixa escolaridade, economias altamente dependentes de donos do poder etc, bagunçam essa lógica. Se a desintermediação é feita via programas sociais de transferência de renda, e tira com uma mão o poder que o coronel tem via máquina de governo, devolve com a outra mão, quando, se não tira totalmente a autonomia desses setores contra os chefes locais, neutraliza o poder de ofensiva deles, ao dar apoio, no Estado, ao candidato que representa a elite que mantém a miséria.

Maria Inês Nassif é repórter especial de Política. Escreve às quintas-feiras

Luis Nassif on Line

Chicletes eu misturo com banana e o meu samba vai ficar assim..........

Upa Neguinho - Bossa Saravah live at Coobah 

A ciência das pesquisas eleitorais

Coluna Econômica - 24/06/2010

Divulgada ontem, a pesquisa CNI-IBOPE confirma uma tendência já observada em institutos mais ágeis – como os mineiros Instituto Sensus e Vox Populi: a de crescimento sistemático da candidatura Dilma Roussef. Na pesquisa de ontem, pela primeira vez, no IBOPE, Dilma aparece na frente de Serra fora da margem de erro: 40% dos votos contra 35% de Serra e 9% de Marina Silva. No segundo turno, Dilma venceria por 45% a 38%.


Uma das grandes dificuldades na análise das pesquisas – como em qualquer tema complexo – é conseguir identificar a linha principal em meio ao emaranhado de variáveis que constituem o universo.

Os mineiros Instituto Sensus e Vox Populi foram os primeiros a identificar corretamente esse fato-chave, comprovando sua superioridade analítica sobre os outros dois grandes, IBOPE e Datafolha.

Perceberam que havia uma ligação quase total do voto em Dilma Rousseff e da percepção do eleitor de que ela era a candidata de Lula. A partir dessa análise, ambos os Institutos puderam bancar desde o começo do ano o favoritismo da candidata. Mesmo quando colocados sob fogo intenso do Globo e da Folha, em nenhum momento relutaram em reafirmar sua opinião – que, agora, revela-se plenamente correta.

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Do lado do IBOPE, a nota destoante foi de seu presidente Carlos Augusto Montenegro que, no ano passado, emitiu projeções definitivas sustentando a impossibilidade de vitória de Dilma. Baseava-se em apenas uma eleição similar à atual para tentar determinar um padrão – uma irresponsabilidade analítica que comprometeu o nome do seu instituto.

Do lado do Datafolha, houve uma pesquisa extemporânea que atropelou a tendências de todas as demais pesquisas – que apontavam crescimento sistemático da candidatura Dilma. De repente, a distância que a separava da candidatura Serra deixou de cair, Serra abriu 10 pontos de vantagem – que não se sustentaram duas pesquisas depois.

A explicação é que o fim das enchentes de São Paulo tinham melhorado a percepção de Serra... junto aos eleitores gaúchos – onde o Instituto identificou as maiores mudanças de voto (não confirmadas pelas pesquisas posteriores).

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Pela pesquisa de ontem, três quartos dos eleitores já sabem que Dilma é candidata de Lula. Portanto, ela ainda tem espaço para crescer em um quarto do eleitorado – ou 25%.

De junho de 2009 a junho de 2010, a probabilidade voto em Dilma cresceu de 13% para 35%. Os que não votariam nela de forma alguma caíram de 34% para 23%.

Nesse mesmo período, a probabilidade dos que votariam em Serra passou de 2% para 28%; e os que não votariam de forma alguma passou de 25% para 30%.

Enquanto Serra caí, aumenta o percentual dos que poderiam votar em Marina Silva – de 17% em junho passado para 27% em março e 36% agora.

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Gradativamente vai caindo o peso de Lula na definição de voto: de 53% que, em março, votariam no seu candidato, para 48% agora, ainda um patamar bastante elevado. Mas os que não votariam de forma alguma no seu candidato permaneceram em 10%.

Luis Nassif onLine

Não dá pra segurar. Ibope: Dilma 40% x Serra 35%

O Ibope, enfim, chegou lá. Depois de manobras de contorcionismo para negar a vantagem de Dilma, já apontada por outras sondagens, o instituto finalmente teve que se curvar às evidências.


Na pesquisa CNI-Ibope que acaba de ser divulgada, Dilma Roussef aparece com 40% das intenções de voto para Presidente, contra 35% de José Serra e 9% de Marina Silva. Na última pesquisa, divulgada no último dia 5, havia empate de 37% entre os dois candidatos, embora tudo já indicasse que Dilma estivesse na dianteira.

A pesquisa foi feita de 20 a 22 desse mês em 141 municípios com 2.002 eleitores, depois que Serra, ferindo a lei, apareceu como estrela principal nos programas do DEM e do PPS. O programa partidário do PSDB também contribuiu para uma maior exposição de Serra, mas nada disso teve efeito.

O Ibope já sabia muito bem do crescimento de Dilma e isso vinha levando seu presidente Carlos Augusto Montenegro a mudar de opinião constantemente. Ele, que já havia dito que Lula não faria seu sucessor e que Serra era o favorito, teve que amenizar o discurso e reconhecer no início desse mês que a eleição poderia ser decidida no primeiro turno, a favor de Dilma ou Serra. Foi só para não passar recibo de suas previsões de torcedor. Em breve, ele terá que apontar Dilma como a única capaz de vencer no primeiro turno.

Tijolaco

Vixe! pesquisa deixou Serra com pressa de vice

Abalou geral, como diz a galera aqui no Rio. José Serra, que não faz uma semana disse no Roda Viva que não tinha pressa em escolher seu vice, agora está correndo. O G1 reproduz declarações suas de que “logo vai ter (um vice), em três ou quatro dias.”


Já na Folha Online, “interlocutores da campanha presidenciável de José Serra (PSDB) disseram que cresceu na campanha a possibilidade de uma mulher ser escolhida como vice na chapa”. Diz o jornal que “estão sendo analisados os nomes da ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires Franco (DEM-PA), da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e da presidente do Flamengo e ex-vereadora pelo Rio de Janeiro pelo PSDB, Patrícia Amorim.”

A novela do vice tucano já rendeu piadas por toda a rede. Hoje mesmo recebi o link para um video no estilo daquele “Save the Galvão Birds”. Morri de rir, está no youtube, para que quiser dar também umas boas risadas.

Mas, falando sério, eu reafirmo o que disse faz tempo já – parece provável – que o vice virá de fora do eiro RJ-SP-Minas (os flamenguistas não merecem, né?) e que deve ser alguém que saia ”lambendo os beiços” de poder ser o ”ex-quase-futuro-Vice-Presidente ”.

Tijolaco

Save the Serra Toucan!



Esquerdopata

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Por Rodrigo Vianna

Dunga dá uma surra na TV Globo: os meninos mimados perderam privilégios

A política suicida da Globo parece não ter limites. Primeiro foi na cobertura política. Depois de anos de esforço para superar a marca de emissora golpista e manipuladora (esse esforço se deu na gestão de Evandro Carlos de Andrade como Diretor de Jornalismo, e com a participação ativa de Amauri Soares na sucursal de São Paulo), a Globo mostrou as garras na eleição de 2006. Acompanhei tudo de perto; eu era repórter de política na Globo, e estive no grupo de jornalistas que internamente não aceitaram a linha de cobertura adotada pela emissora. Por causa disso, saí da Globo, e expus meus motivos numa carta interna aos colegas de Redação; carta essa que acabou vazando na internet.

Agora, a direção da Globo empurra a emissora para o suicídio também na cobertura esportiva. A Globo manda no futebol brasileiro. Isso todo mundo sabe. Muitos clubes sobrevivem da grana que a Globo adianta, como pagamento por “direitos de transmissão”. A Globo sempre teve, também, privilégios na cobertura da seleção brasileira. Todo jornalista sabe disso. Aqui na África do Sul, um colega lembrava da Copa da França, em que a Globo tinha uma “salinha” exclusiva para as entrevistas com jogadores. Tudo acertado com a CBF. As outras emissoras esperneavam, e a Globo manobrava nos bastidores. Com habilidade.

Pois bem. A atual direção da Globo resolveu explicitar as coisas. Fez um striptease público. Tudo porque o técnico Dunga decidiu acabar com as “salinhas” da Globo. No domingo, Dunga brigou com o Alex Escobar (comentarista da Globo). O motivo? Escobar queria entrevistas exclusivas com jogadores, e Dunga vetou. O jornalista Mauricio Stycer conta tudo aqui.

No passado, a Globo manobraria nos bastidores, e talvez arrancasse alguma concessão de Dunga. Mas a arrogância (e a burrice) da atual direção da emissora não tem limites. Resolveram fazer um editorial contra o Dunga! É tudo muito didático para o público…

É como se houvesse um menino rico acostumado a comer sempre o primeiro pedaço do bolo nas festinhas da escola. Um dia chega o professor novo e diz: “você pode ser rico, mas aqui tem que pegar fila pra comer o bolo”. O menino rico, em vez de avisar o pai e manobrar em silêncio pela demissão do professor, resolve chorar no meio do pátio, e ainda pendura um manifesto na porta da escola: “eu sou rico, tenho direito ao primeiro pedaço do bolo”.

O menino rico, e mimado, joga a escola inteira contra ele. Talvez consiga a demissão do professor. Mas a comunidade inteira agora sabe que esses privilégios existem.

A Globo conseguiu isso. Na guerra entre Globo e Dunga, o Brasil fica ao lado do técnico.Vejam a enquete do UOL sobre o assunto: o Dunga dá uma surra na Globo

O povo não aguenta mais a arrogância da Globo. Os Marinho vão pagar caro por ter dado poder a gente como Ratzinger e sua turma.

Mas o Dunga que se cuide. A Globo vai tentar triturá-lo. Diante da primeira derrota, ele será demolido. O Dunga devia bater um papo com o Lula…

 Escrevinhador

Brasilianas.org-Papel das conferencias

Programa mediado pelo jornalista Luis Nassif

Serra e o vice:

Conversei rapidamente com o Oráculo de Delfos.

É que essa falta de vice do Serra me angustia profundamente.
- Já houve isso antes, tanto tempo sem um vice ?
- Nunca.
- Isso é bom ou ruim ?
- Péssimo.
- E por que ele não escolhe logo ?
- Porque não tem quem escolher.
- Mas, não será uma questão de estratégia, esperar a hora certa, o nome certo ?
- Nada disso.
- Então, o que é ?
- É que ele olha para o balaio e só tem manga podre lá dentro.

Pano rápido

Conversa Afiada

Dunga em "Um dia de fúria"



O Esquerdopata

TV Globo é tão poderosa quanto vingativa

Eliakim Araújo

Se Dunga é esse poço de grosseria, por outro lado é uma verdade indiscutível que boa parte dos jornalistas brasileiros se acham (é plural mesmo) acima do bem e do mal, se julgam superiores ao comum e mortal ser humano, sobretudo a garotada mais nova. Se acham donos da verdade, os sabichões. Falam o que querem de pessoas ou instituições que não dispõem de um espaço na mídia para se defender.


Esse breve perfil do jornalista brasileiro ganha novos contornos quando falamos daqueles que trabalham na Globo. Esses chegaram ao Olimpo e o crachá que usam muitas vezes abre portas proibidas aos jornalistas de outras emissoras. É comum que tenham prioridade em entrevistas e eventos. Os demais ou são preteridos ou têm que esperar até que o bambambã global termine seu trabalho.

Não só a Globo, como as demais emissoras fazem vista grossa quando seus profissionais conseguem superar a concorrência mesmo que façam uso de expedientes aéticos.

Todo mundo se lembra do que a Globo fez com Leonel Brizola. Durante seu primeiro mandato no estado do Rio de Janeiro, de 1982 a 1986, não havia um só dia em que o velho Cid Moreira, com sua grave e empostada voz, não abrisse o noticiário da cidade com a célebre frase: “A violência no Rio”. E aí vinham as estatísticas das ocorrências policiais da cidade naquele dia.

Isso era feito diariamente, um verdadeiro massacre, que resultou na derrota de Brizola na eleição presidencial de 89, por um lado. Por outro, no esvaziamento econômico do Rio com a fuga de empresas para São Paulo. A campanha do JN foi tão perfeita que até hoje muita gente desinformada de SP, ou até mesmo do Rio, prefere simplificar: “Ah, quem acabou com o Rio foi o Brizola”.

Não sabemos exatamente o que aconteceu entre Dunga e o repórter da Globo, é preciso investigar se já havia alguma animosidade entre os dois em razão de incidente anterior, é regra do bom jornalismo ouvir as duas partes. De qualquer maneira, Dunga se meteu numa encrenca daquelas. E a Globo é implacável com seus adversários.

Desde já o emprego dele está ameaçado. Se o Brasil ganhar a Copa, ele talvez se salve pelo gongo. Se perder, tá ferrado. Vai ter que procurar emprego. Mas em qualquer hipótese, será difícil sua permanência no cargo. A turma da CBF não tem peito para enfrentar o poderio econômico e político dos irmãos Marinho.

Vermelho

Lula: venda de terra a estrangeiro compromete soberania nacional

O presidente Lula está preocupado com o volume crescente de compra de terras brasileiras por estrangeiros e promete medidas para coibir a venda. Em sua opinião, respaldada pelos partidos progressistas e os movimentos sociais, a aquisição de propriedades rurais pelas multinacionais compromete a soberania alimentar da nação e não deve ser tolerada.


O governo deve encaminhar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) “para deixar claro aos investidores que podem investir em qualquer campo, mas não em terras”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em entrevista ao jornal Valor.

Apetite das multinacionais

De acordo com estatísticas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a área total do território brasileiro sob propriedade alienígena chega a 4,037 milhões de hectares e cresce cotidianamente. É relevante notar que o levantamento do instituto não inclui propriedades de empresas supostamente nacionais que na verdade são controladas, direta ou indiretamente, por capitalistas de outros países.

O problema torna-se mais sério na medida em que o tempo passa e as autoridades brasileiras não adotam providências, pois todo santo dia, ainda conforme o Incra, estrangeiros compram cerca de 12 quilômetros de terra brasileira, uma área seis vezes maior que o Principado de Mônaco, um pequeno país europeu.

O apetite das multinacionais tem como pano de fundo o aumento da demanda mundial por recursos naturais, a escassez de água, a crise alimentar e a elevação dos preços da terra, conforme observou o jornalista Mauro Zanatta, no Valor (22-6). Ao lado disto, pesa também o vigoroso desenvolvimento do chamado agronegócio, com destaque para a cultura da cana, no Brasil.

Concentração

Ao todo já são 34.218 propriedades rurais sob controle de capitalistas estrangeiros, sendo que 38% desses imóveis estão no Centro-Oeste, onde a área média é de 473 hectares. Os 100 maiores imóveis somam 763,2 mil hectares, sendo que o maior deles é um latifúndio com 31,3 mil hectares.

Entre 2002 e 2008 o Investimento Externo Direto (IED) em terras brasileiras somou 2,43 bilhões de dólares. Fundos internacionais com carteira superior a 10 bilhões de dólares têm sido cada vez mais agressivos nos investimentos em terra, segundo o Valor.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) critica a liberdade que o capital estrangeiro desfruta para aquisição de imóveis rurais argumentando que isto potencializa a concentração da terra no país, eleva os riscos de controle da agricultura nacional pelas transnacionais e inflaciona os preços da terra.

Herança perversa

A entidade, que defende os interesses do conjunto da classe trabalhadora rural (assalariados e agricultores familiares), entende que é preciso assegurar o controle público sobre o território nacional e uma regulação mais rigorosa do direito ao imóvel rural para garantir a soberania alimentar e a função socioambiental da propriedade, preconizada pela Constituição.

Neste caso, conforme o ministro Guilherme Cassel, ocorre uma unidade de interesses entre pequenos, médios e grandes produtores rurais, “da Kátia Abreu [presidente da CNA] ao João Pedro Stédile [dirigente do MST]”. Afinal, restringir o acesso à propriedade privada nesse terreno “não fere o capitalismo”, observou. O excesso de liberalismo no campo, assim como nas cidades, é outra herança perversa dos governos tucanos presididos por FHC.

Vermelho

Clarita Salgado

terça-feira, 22 de junho de 2010

Fim de Noite

Onde Voce Mora - nando reis

#diasemglobo

Esta madrugada “bombou” no twitter a palavra de ordem #diasemglobo, que estimula as pessoas a verem o jogo entre Brasil e Portugal, sexta-feira, em qualquer emissora que não a Globo.
Não é uma campanha de “esquerdistas”, de “brizolistas”, de “intelectuais de esquerda”.
É a garotada, a juventude.
Também não é uma campanha inspirada na popularidade de Dunga, que nunca tinha sido nenhuma unanimidade nacional.
Na verdade, isso só está acontecendo porque um episódio sem nenhuma importância – um tecnico de futebol e um jornalista esportivo terem um momento de hostilidade – foi elevado pela própria Globo à condição de um “crime de insubordinação” inaceitável por ela.
As empresas Globo ontem, escandalosamente, passaram o dia pressionando a FIFA por uma “punição” a Dunga. Atônitos, os oficiais da FIFA simplesmente perguntavam: “mas, por que?”
A edição do jornal do grupo Globo, hoje, só não beira o ridículo porque mergulha nele, de cabeça.
O ódio a qualquer um que não abaixe a cabeça e diga “sim,senhor” a ela é tão grande que ela não consegue reduzir o episódio àquilo que ele realmente foi, uma bobagem insignificante.
Não, ela se levanta num arreganho autoritário e exige “punição exemplar” para técnico da seleção.Usa, logo ela, uma emissora de tanta história autoritária e tão pródiga em baixarias, a liberdade de imprensa e os “bons modos” como pretextos, como se isso ferisse seus “brios”.
Há muita gente bem mais informada do que eu em matéria de seleção que diz que isso se deve ao fato de Dunga ter cortado os privilégios globais no acesso aos jogadores.
E que isso lhe traria prejuízos, por não “alavancar” a audiência ao longo do dia.
Lembrei-me daquele famoso direito de resposta de Brizola à Globo, em 1994.
Não reconheço à Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e basta para isso olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura de 20 anos que dominou o nosso país.
Todos sabem que critico há muito tempo a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou na quinta-feira, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípios.É apenas o temor de perder o negócio bilionário que para ela representa a transmissão do Carnaval. Dinheiro, acima de tudo.
Pois o arreganho autoritário da Globo, mais do que qualquer discurso, evidenciou a tirania com que a emissora trata o evento esportivo que mais mobiliza os brasileiros mas que, para ela, é só um milionário negócio.
Dunga não é o melhor nem o pior técnico do mundo, nunca foi um ídolo que empolgasse multidões. A sociedade dividia-se, como era normal, entre os que o apoiavam, os que o criticavam e os que apenas torciam por ele e pela seleção.
A Globo acabou com esta normalidade. Quer apresentá-lo como um insano, um louco incontrolável. Nem mesmo se preocupa com o que isso pode fazer no ambiente, já naturalmente cheio de tensões, de uma seleção em meio a uma Copa do Mundo. Ela está se lixando para o resultado deste episódio sobre a seleção.
De agora em diante, a Globo fará com Dunga como que fez, naquela ocasião, com a Passarela do Samba,  como descreveu  Brizola naquele “direito de resposta”: “quando construí a passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar de todas as formas o ponto alto do Carnaval carioca.”
Vocês verão – ou não verão, se seguirem a campanha #diasemglobo – como, durante o jogo, os locutores (aquele um, sobretudo) farão de tudo para dizer que a Globo está torcendo para que o Brasil ganhe o jogo. Todo mundo sabe que, quando se procura afirmar insistentemente alguma coisa que parece óbvia, geralmente se está mentindo.
Eu disse no início que esta não é uma campanha dos políticos, dos intelectuais, da “esquerda” convencional. Não é, justamente, porque estamos, infelizmente, diante de um quadro em que a parcela políticamente mais “preparada” da sociedade desenvolveu um temor reverencial pelos meios de comunicação, Globo à frente.
Políticos, artistas, intelectuais, na maioria dos casos – ressalvo as honrosas exceções – têm medo de serem atacados na TV ou nos jornais. Alguns, para parecerem “independentes e corajosos” até atacam, mas atacam os fracos, os inimigos do sistema, os que se contrapõem ao  modelo que este sistema impôs ao Brasil.
Ou ao Dunga, que acabou por se tornar um gigante que nem é, mas virou, com o que se faz contra ele.
Eu não sei se é coragem ou se é o fato de eu ser “maldito de nascença” para eles, mas não entro nessa.
O ue a juventude está fazendo é o que a juventude faz, através dos séculos: levantar-se contra a tirania, seja ela qual for.
Levantar-se da sua forma alegre, original, amalucada, libertária, irreverente e, por isso mesmo, sem direção ou bandeiras “certinhas”, comportadas, convencionais.
A maravilha do processo social aí está. Quem diria: um torneio de futebol, um técnico, uma rusga como a que centenas ou milhares de vezes já aconteceu no esporte, viram, de repente, uma “onda nacional”.
Uma bobagem? Não, nada é uma bobagem quando desperta os sentimentos de liberdade, de dignidade, quando faz as pessoas recusarem a tirania, quando faz com que elas se mobilizem contra o poder injusto. Se eu fosse poeta, veria clarins nas vuvuzelas.
Essa é a essência da juventude, um perfume que o vento dos anos pode fazer desaparecer em alguns, mas que, em outros, lhes fica impregnado por todas as suas vidas.
E a ela, a juventude, não derrotam nunca, porque ela volta, sempre, e sempre mais jovem. E é com ela que eu vou.

Tijolaço

Dunga dá de goleada na Globo


Além das manifestações em diversas mídias sociais e a proposta do “diasemglobo” no próximo jogo do Brasil, os torcedores estão mostrando sua posição em enquete promovida pelo UOL com a pergunta “De que lado você está na guerra entre a Globo e o técnico Dunga?”
Pelo que está no vídeo que chama para a enquete, a sondagem começou às 13:17h. Na consulta que fiz, às 16:45h , 12.930 pessoas tinham respondido da seguinte forma: ao lado de Dunga, 78,69%; do lado da Globo, 11,76%; de lado nenhum, 9,54%.
Acho que a Globo não contava com essa goleada e deve estar mais perdida que a seleção da Coréia do Norte diante de Portugal. Ainda mais depois que a Fifa frustrou seus planos de punir o técnico brasileiro

Tijolaço

Acredite quem quiser ou "photoshop" pode tudo


Esquerdopata

Serra mentiu sobre pedágios da Ayrton Senna

Para entender a reação grosseira de José Serra à pergunta de Heródoto Barbeiro, é preciso retomar 2005.


Naquele ano formou-se a frente jornalística destinada a depurar as redações de qualquer voz discordante em relação à nova linha acertada. entre jornais, mais a Veja. José Serra esteve à frente dessas articulações.

Naquele ano, ele tentou por várias vezes emplacar um programa de Reinaldo Azevedo na TV Cultura. Desistiu depois de resistências gerais. Mas pressionou por diversas vezes o Roda Viva para incluir o blogueiro entre os entrevistadores.

Ao assumir o governo de São Paulo, deixou claro sua ojeriza a Heródoto, a quem acusava de ser petista. Provavelmente por pressão dele, o Paulo Markun afastou Heródoto da ancoragem do Jornal da Cultura. Foi uma medida incompreensível para quem não acompanhava os bastidores já que, até então, os únicos jornalistas da Cultura com premiações permanentes nas eleições do portal Comunique-se (que congrega mais de 100 mil jornalistas de todo o país) eram Heródoto e eu, além do próprio Markun. Heródoto, aliás, uma unanimidade como âncora de rádio e de TV.

Markun liquidou com o modelo histórico do Jornal. Ante uma avalanche de reclamações, Heródoto voltou à ancoragem mas dentro de um formato anódino em que praticamente foi anulado. Entre os que acompanham sua carreira, só paranóicos da ultra-direita ousariam taxá-lo de petista.

Quanto à resposta do Serra à questão do pedágio, revela a dificuldade em casar discursos. Defende genericamente queda na carga tributária. Mas a argumentação em favor dos pedágios mostra claramente a opção pelo aumento da carga.

Quando diz que «aprimorou» os pedágios, os pontos que levanta são a obrigatoriedade das concessionárias investirem nas próprias estradas e de pagarem pelas concessões para investimentos em estradas vicinais.

Trata-se de uma forma óbvia de aumento brutal disfarçado de tributos. Os bilhões que as concessionárias pagaram ao Estado foram incluídos no preço dos pedágios, é óbvio. Os recursos para estradas, antes, saíam, do IPVA e do orçamento estadual. Agora, além de pagar o ICMS e o IPVA, o contribuinte paulista paga adicionalmente os pedágios. E essa conta salgada não entra no cálculo da carga tributária paulista. Na resposta de Serra é como se o dinheiro tivesse saído do lucro das empresas.

E não se trata de nenhum aprimoramento: esse modelo de concessão (a chamada concessão onerosa) sempre foi empregado nas concessões paulistas, desde os tempos de Mário Covas. Mantém tudo como está e diz que "aprimorou" a mudança. Se aprimorou alguma coisa, foi a cobrança.

Estilo Maluf

Serra incorporou também um estilo bastante empregado por Paulo Maluf nas entrevistas. Quando questionado sobre um ponto, cobra do entrevistador detalhes do tema perguntado. Entrevistador têm as perguntas; presume-se que os entrevistados, a resposta. Devolver a pergunta ao entrevistador, exigindo dele conhecimentos detalhados do tema é malandragem típica do estilo Maluf - que Serra vem empregando continuamente nas suas entrevistas. Depois de tentar desarmar a pergunta com essa jogada, sofisma-se à vontade. Ou, como no caso do pedágio, mente.

Por exemplo, insistiu que na rodovia Ayrton Senna o pedágio caiu pela metade. Mas não informou que a cobrança dobrou: antes, cobrava-se numa direção única; depois da mudança, passou-se a cobrar na ida e na volta.

Do site Caminhoneiro: «Os valores irão variar entre R$ 2,30 e R$ 1,70. Mas os motoristas terão que pagar em quatro praças, enquanto antes paravam para pagar em apenas duas. O valor será o mesmo, mas o tempo perdido será maior».


Luis Nassif on Line

Dunga custa dinheiro à Globo. Simples assim

por Luiz Carlos Azenha


O primeiro jogo do Brasil na Copa rendeu 45 pontos no Ibope à TV Globo. Contra a Costa do Marfim, num domingo, foram 41 pontos. A Bandeirantes marcou 10 pontos nas duas ocasiões. Do total de televisores ligados na hora do jogo, 87% estavam sintonizados nas partidas. É menos que no passado, ainda assim uma enormidade. É preciso levar em conta que hoje há outras opções para ver o jogo: emissoras a cabo e via satélite, por exemplo. Além disso, como muitas pessoas se reúnem para ver as partidas em bares ou em casas de parentes, fica difícil quantificar a audiência exata. Mas o fato é que a Globo ganha em qualquer circunstância: ganha na própria Globo, na SporTv, nas assinaturas de TV a cabo e assim por diante. Portanto, de fato, a Globo não tem nenhum motivo para torcer contra o Brasil. Quanto mais longe for o Brasil, maior o retorno e o lucro.

Onde é que Dunga prejudica a Globo, então? Nos dias e horários em que não há jogo. Para a emissora, a Copa do Mundo era no passado um evento importante para alavancar a audiência de toda a programação. Os jogadores da seleção brasileira costumavam desempenhar o papel de um cast alternativo. O acesso exclusivo aos jogadores e integrantes da comissão técnica garantia aos telejornais audiências bem acima da média durante a Copa do Mundo. A exclusividade no acesso à seleção teria um papel ainda mais crucial este ano. Hoje as pessoas se informam em tempo real através de emissoras de rádio ou da internet e não precisam mais ficar sujeitas à ditadura da programação para obter notícias somente depois das 8 da noite, no Jornal Nacional. A não ser que uma emissora tivesse o monopólio das notícias importantes sobre a seleção, o que deixou de acontecer.

É cedo, obviamente, para fazer qualquer tipo de análise da audiência de TV durante a Copa. Até agora parece não ter havido uma revolução nos números, a não ser durante os jogos do Brasil. Nos últimos dias a Record, por exemplo, tem perdido alguns pontos de audiência aqui ou ali, de acordo com a importância do jogo transmitido pelas rivais. Mas, curiosamente, o Jornal da Record, que compete diretamente com o Jornal Nacional, tem tido números consistentes com a audiência que tinha antes do evento.

Será que o Dunga pensou em prejudicar a Globo ao implantar a isonomia na seleção, ou seja, tratamento igual para iguais? Claro que não. O técnico da seleção brasileira sabe que um fator importante para motivar qualquer grupo é encontrar um ou mais “inimigos” externos. Sabe que é absolutamente essencial passar ao grupo a impressão de que não privilegia este ou aquele jogador, especialmente quando a exposição na TV, durante uma campanha vitoriosa, pode render contratos milionários. Sabe o quanto a ciumeira despertada por um relacionamento “especial” de um jogador com este ou aquele repórter, este ou aquele narrador, pode custar caro ao grupo.

A diferença entre Dunga e a Globo encontra-se no calendário distinto pelo qual ambos se regem: a emissora precisa ganhar tudo agora, comercialmente tem pouco a faturar depois que o Brasil chegar à final; Dunga só irá ao banco descontar o cheque milionário se e quando garantir o título. A Globo precisa de um cast. Dunga precisa de um time. Minha sugestão à emissora do Jardim Botânico é que crie uma seleção cenográfica lá no Projac. Garanto que pouca gente vai notar a diferença.

Viomundo

Saramago entre nos

O fim de Saramago foi como o fim de qualquer homem, inerte, abatido pelo tempo, um entre muitos de todos os dias. Em grande parte, o que o diferenciava dos outros não eram suas formas, mas o caráter imperativo de sua alma. Saramago decodificava o mundo em histórias incríveis, adoráveis parábolas sobre os vícios e as virtudes dos homens e das mulheres, porque sabia, em sua obra eterna, diferenciar os gêneros com a mesmíssima régua da crítica. Saramago era, antes de tudo, um homem íntegro a nos levar em fantasias intelectuais. Um leitor simples, como somos quase todos nós, pode deslizar feliz por seus longos parágrafos de diálogos nus, sem aspas nem travessões, só frases anunciadas por uma letra em caixa alta, como se os interlocutores nunca respirassem para retrucar. Saramago inseriu, de fato, a língua portuguesa na literatura universal, uma mente irresistível e dono de livros amados e cultuados em todos os cantos do mundo. Era um comunista apaixonado, divinamente ateu, era, por si só, um estrondoso arroubo de alegria, embora optasse sempre por uma certa melancolia, tão lusa, não raro pessimista, sobre os destinos do mundo. Generoso, nos deixou duas jóias terminais, “A viagem do elefante” e “Caim”, o primeiro, sobre o tempo dos homens e o amor dos bichos, o outro, das contradições e da precariedade da fé. Vieram como últimas ondas de um mar vigoroso, mas de águas suaves.


A alma de Saramago partiu-se em mil fragmentos para mim antes de ele virar pó. Sabê-lo morto me deixou eternamente mais triste.



Brasilia,eu vi

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fim de Noite

dessa vez - nando reis

Dunga divide e racha com a Globo, que reage

Bob Fernandes


Direto de Johannesburgo

Soccer City, caminho entre o estádio e as tendas da FIFA que abrigam o Centro de Mídia. Galvão Bueno, Arnaldo Cezar Coelho e o diretor da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima conversam, não escondem a irritação e nem se preocupam com quem passa ao lado e ouve. O alvo é o técnico da seleção brasileira, Dunga. Minutos antes, na coletiva pós Brasil x Costa do Marfim o técnico, numa dividida bem a seu estilo, deu na canela do comentarista Alex Escobar, da Globo.

Luiz Fernando Lima lembra as conversas recentes da emissora com Dunga, já na África do Sul:

- Falamos com ele duas vezes e ele não consegue entender que não é "a Globo", ele está falando para todo o país...

Seguem as observações do grupo, sempre ferinas. Um deles chega a dizer: - ...e a única coisa que eu acho que ele aprendeu em quatro anos foi falar 'conosco' e não mais 'com nós' como sempre fez...

A cena do entrevero de Dunga para com Escobar pode ser vista aqui, no YouTube.

Poucas horas depois, no que pode ser o início de uma escalada, um dos apresentadores do programa, Tadeu Schmidt, da África para o "Fantástico" mandou uma reportagem sobre a rusga. Soou mais a um editorial da emissora.

Essa é, sem dúvida alguma, uma crise a rondar a seleção brasileira. Mas uma crise em tudo diferente das que envolvem a França e a Inglaterra, seleções que vivem crises internas, para dentro do elenco.

Anelka x o técnico Domenech, o capitão Evra contra o preparador físico, Zidane nos bastidores, sacodem a França. Até o presidente Sarkozy já palpitou. (De Carla Bruni ainda não ouvimos nada).

Na Inglaterra, o trivial básico: o ex-capitão Terry, que já derrubou Mourinho e Felipão no Chelsea, agora pôs a boca no trombone, e na mídia, contra o técnico italiano da seleção, Fabio Capello.

A crise que ronda o Brasil é uma crise para fora, que não envolve os jogadores. É uma crise de poder.

De um lado o poderoso sistema Globo, que carregou 300 profissionais para a África do Sul e quer um retorno para tanto. Em outras palavras, deseja o que querem os quase mil profissionais do Brasil que aqui estão: acesso. E quanto mais privilegiado, melhor.

Assim foi, assim é da índole e história da Globo, de emissora que no Brasil tenha a dimensão que ela tem.

O problema é que, na outra ponta, está Dunga, o Schwarzenegger. E como sabemos desde quando ele era o pitbull da seleção amarela, quando divide, o Dunga racha.

Está claro, cada dia mais claro, que secundado por quem ele confia e a quem tem como leais, casos de Jorginho e Taffarel, o técnico Dunga fechou um pacto com seus jogadores. De um lado ele, eles, do outro, o resto. Em especial a mídia e quem mais, dentro ou fora da seleção, não reze integralmente pela mesma cartilha.

Se há fissuras no chamado "grupo" não se sabe; não se sabe mesmo, não existem informações concretas que levem a dizer isso. Estas coisas, que sempre existem em agrupamentos humanos, costumam aparecer, vide França e Inglaterra, quando pintam os fracassos.

No Tempo Dunga na seleção não há fracassos; salvo na Olimpíada da China, quando máquinas se moveram para derrubá-lo. Como não há fracassos, parece evidente que Dunga escolheu um caminho: vencer ou vencer.

Por mais que pareça rudimentar a lógica "ou está comigo ou contra mim", o técnico da seleção já viveu e apanhou o suficiente para saber o que significa a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.

Dunga, que apanhou injustamente entre as Copas de 90 e 94, cuja família teve que suportar o marido, o pai, o filho a carregar por 4 anos a negativa marca da "Era Dunga", certamente sabe o que alimenta contra si de rancor, de ressentimento, a cada bordoada que distribui.

Ele, que já me admitiu em 2007 não terem cicatrizado ainda as feridas da "Era Dunga", obviamente sabe que está jogando a cartada mais arriscada de sua vida profissional. A de construir para si mesmo a alternativa "vencer ou vencer".

Quando se decide por enfrentar a Globo, Dunga sabe que está encurtando seu caminho à frente da seleção brasileira, perca ou ganhe. Dunga sabe quais são e como se movem os interesses para a Copa 2014, e sabe quem maneja boa parte dos cordéis.

Nos idos da Copa América e Olimpíada, eventos que acompanhei, Dunga distribuiu fartamente bordoadas contra o sistema Globo. Durante e depois. Basta consultar os noticiários, capturar o que disse aqui e ali o técnico. São fatos.

Fato é, também, que depois disso tudo um acordo foi costurado. Com a participação do diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, encontraram-se o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e um dos Marinho da Globo.

Selou-se, então, um acordo de paz, de convivência por conta dos mútuos interesses. Não por acaso duas entrevistas exclusivas ao Jornal Nacional na Copa das Confederações, não por acaso Dunga na bancada do Jornal Nacional depois da convocação para a Copa de agora.

Isso é inegável. São os fatos. Não há como negá-los.

Mas, havia, há um Dunga no meio do caminho. Com a mesma determinação que jogou em 94, que então protegeu Romário de si mesmo e do assédio da mídia, Dunga agora se fecha com seu grupo.

A propósito, Romário, que não é bobo, sentiu o cheiro da crise e nesta terça-feira postou em seu twitter, @Romário11, as seguintes mensagens de apoio ao capitão do Tetra:

- Infelizmente sobrou pro Escobar (ele é gente boa e americano). Mas geral só gosta de bater, então apanhar um pouco faz bem!

- Parceiro "Dunga", não perca o foco, vamos em frente e faltam 5 jogos!

Ao se fechar tanto, Dunga comete erros. Erros como o de enxergar e tratar a todos, sem distinção, como se fossem adversários, inimigos mesmo, e isso não é uma verdade.

Em algum momento Dunga perceberá, ou algum amigo lhe dirá, que não seria preciso tanto e contra todos. Nesta terça-feira, com a experiência de quem já viveu e enfrentou essa tsunami, Felipão Scolari aconselhou. A todos:

- Pelo bem da Seleção não adianta um dar um soco e o outro revidar, depois um dar um chute e o outro dar um chute também, porque, se não, nunca vão se entender...

Dunga, o Schwarzenegger, decidiu-se por pagar o preço, por queimar as caravelas. A ele e seu grupo só uma coisa importa. Vencer. Ganhar a Copa do Mundo. Custe o que custar.

O velho parceiro Romário, herói do Tetra a quem Dunga tanto deve e vice-versa, também nesta tarde postou em seu twitter:

- A gente já sabe o que vai acontecer. Se o Brasil ganhar é obrigação, se perder não vou querer estar na pele do Dunga...



Terra

Esperando na janela

Hitchcock-Psicose,50 anos

Ponto para o Dunga


Contribuicao do jornalista Edson Sibila via email

Ponto para o Dunga

Uma coisa há que se dizer, em favor de Dunga. O sargentão fechou a seleção para a imprensa sem exceções. E a Globo, que sempre foi dona do time, de seus jogadores, da comissão técnica e de todas suas almas, está tendo de aprender a viver sem a promiscuidade de outras eras. Dá até dó da Fátima Bernardes com seu sorriso cheio de dentes passando frio do lado de fora da concentração. Em tempos recentes, estaria sentada no sofá da antessala da suíte do treinador, cercada de jogadores submissos com fones de ouvido, todos eles na escuta para participarem do programa da Xuxa, ou soletrar algo no programa do narigudo, ou fazer um sorteio no Faustão, ou passar ridículo assentido no Casseta & Planeta.


Assim, os sorrisos dos apresentadores globais têm sido mais amarelos que de costume. A emissora, que é incapaz de falar “seleção brasileira” e só chama Dunga & seus dunguetes de “nossa seleção”, porque no fundo é dela, mesmo, da Globo, sócia da CBF e tudo mais, está tendo de fazer um pouco de jornalismo, em vez de incluir o time em seu casting, como de hábito. O que é bom. Seus bons jornalistas, e não são poucos, estão amassando barro, como a gente diz. Em vez de ficarem encastelados ao lado de seus amiguinhos jogadores, têm de sair para a rua, criar pautas, descobrir coisas.

Alguns estranham nitidamente a nova função. Estavam habituados a fazer suas piadinhas sem graça para o riso generoso da turminha da bola, que em geral é bem tonta. Mostram-se pouco à vontade quando se misturam à massa ignara sem privilégios para criar algo que seja interessante o bastante para ir ao ar. Mas acabam se acostumando. E estamos livres, felizmente, de babaquices como jogador falando com o papagaio da Ana Maria Braga, e achando aquilo o máximo, e o papagaio se sentindo importante.
 
 
 
Blog da Copa

Chicletes eu misturo com banana e o meu samba vai ficar assim..........

Obi Oba


Pelado No

Dunga x Globo

Enquanto dava uma entrevista coletiva após a vitória do Brasil contra a Costa do Marfim, o técnico Dunga acabou xingando o jornalista Alex Escobar. Ele foi irônico contra os repórteres o tempo todo.

Brasilianas-Propriedade Intelectual

Programa da TV Brasil mediado pelo jornalista Luis Nassif

E se crescêssemos a taxas chinesas?

Mino Carta

O Brasil pode, mas o problema não está nas carências da infraestrutura, e sim na superestrutura


Há silêncios e silêncios. René Clair, arguto cineasta francês do pré-Segunda Guerra Mundial, proclamou na tela que o silêncio é de ouro. Nem sempre, murmuro. Recordo, por exemplo, o silêncio aterrador que se apossou da cidade vazia na tarde de um dia maligno do Campeonato Mundial de Futebol de 1982, a tarde do Sarriá. Paolo Rossi esmigalhou a esperança nativa e a cidade (falo de São Paulo) ficou muda, entre o espanto e o desespero.

A recordação me ocorre enquanto vivemos o clangor das vuvuzelas, cujo nome importamos na qualidade de aculturados, embora se trate da velha corneta. Mas há ruídos e ruídos. Confesso, com algum constrangimento, que as vuvuzelas estimulam saudades de René Clair. Longe de mim, no entanto, condenar a festa popular, muito pelo contrário, embora a preferisse sem aquele som a misturar o lamento com o ataque dos pernilongos. Incomoda-me é a patriotada dos abastados e seus aspirantes, embandeiram seus carros, mas não convidariam para jantar aqueles que enxergam agora como heróis do Brazil-zil-zil.

Já desejei que o povo brasileiro deixasse de ser tão festeiro e começo a mudar de ideia. Já fui bastante pessimista em relação ao destino do País e dou agora para andar no sentido oposto. O que me anima é a perspectiva de crescimento do Brasil. Este ano, a taxa vai ficar, no mínimo, em 6%, em meio a uma crise que abala gravemente o chamado Primeiro Mundo. E então me pergunto: que aconteceria se crescêssemos a níveis chineses nos próximos dez anos?

Não é preciso espremer as meninges para responder: se for assim, o Brasil chega, na pior das hipóteses, bem perto do modelo de país que sempre mereceu ser, não fosse uma elite feroz, voraz, arrogante, retrógrada, voltada exclusivamente para os seus próprios interesses, incapaz de entender que uma sociedade mais equilibrada, mais igualitária, garante o bem-estar de todos. Trata-se de uma ideia elementar, mas há uma porção de brasileiros conspícuos que não se habilitam a percebê-la e que ainda dispõem de muito poder. Os donos do próprio, conforme Raymundo Faoro.

Há quem diga que o Brasil não está preparado para aguentar um crescimento apressado. Teríamos de ir devagar, para evitar a ameaça da inflação, eternamente à espreita, e para avançar em termos de infraestrutura. Resta ver até que ponto tanta cautela não contribui, apenas e tão somente, para a manutenção do status quo. Ou seja, para favorecer a minoria privilegiada. Sobra, isto sim, a impressão de que, caso o País fermentasse economicamente ao sabor de taxas de 7%, 8%, 9% ao ano, teria todas as condições de adaptar-se ao galope do progresso.

Sem contar as vantagens oferecidas pelas circunstâncias e pela natureza, além de não termos de padecer uma ditadura. Em primeiro lugar, a população reduzida para tamanho espaço. Não chegamos a 200 milhões de habitantes, mal distribuídos, é fato, mas em uma superfície de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados. Há também desvantagens. Somos ainda, em prevalência, exportadores de commodities. Mesmo assim, em ritmo de desenvolvimento veloz, haveria inevitavelmente como superar este gênero de atraso em relação às nossas potencialidades.

Verdade é que o povo brasileiro ganha oportunidade de um belo futuro. A palavra povo, vale a anotação, nas nossas paragens se reveste, lamentavelmente, de um significado quase depreciativo. Foi usada demais em outros tempos por populistas e fanáticos do Apocalipse e se tornou algo assim como sinônimo de malta infecta, de miseráveis perdidos nas trevas da ignorância. Ninguém ousaria pensar desta forma em um país de democracia autêntica, onde ninguém se acautela antes de pronunciar o substantivo. Também por aqui virá o dia em que povo será a nação na sua totalidade.

Comenta um querido amigo que o problema atual, na hora de enfrentar um crescimento nunca dantes navegado, não está nas carências da infraestrutura, e sim da superestrutura. Ou, por outra, na mentalidade de quem permanece na cúspide da pirâmide e de quantos aspiram a chegar lá para repetir-lhe o egoísmo e a parvoíce. Mesmo porque o desenvolvimento impediria a realização do vaticínio do general Golbery: se não houver mudanças, acabaremos pendurados em um poste, menos eu, que estarei morto. Percebam, senhores, um progresso à la chinesa, entre outras coisas, traz educação e saúde, e elimina os postes. Quem sabe até as vuvuzelas.

Sem saída, José?

A sabedoria do senso comum já aprendeu que a pior imoralidade é condenar o povo, depois de séculos, a continuar a ser explorado, a não ter onde morar, o que comer, a viver em um estado de miséria e ignorância.

Gilson Caroni Filho, na Carta Maior

Para enfrentar a batalha por espaço político a partir das eleições de outubro, quando serão escolhidos, além do presidente, novos governadores, senadores e deputados, a direita brasileira, sem projetos ou discursos, ensaia a repetição de arrazoados desmentidos pela história recente. Não sabendo como fazer oposição a um governo que completa seu oitavo ano cercado por popularidade recorde, e sem idéia de como restabelecer o prestígio de seus mais ilustres quadros, ao tucanato restaram os factóides na imprensa e a esperança no ativismo judiciário.

Insistindo em ignorar que um novo paradigma econômico reclama um novo paradigma político, com um Estado forte, dotado de poder econômico e capacidade, para fazer cumprir as leis e regulamentações que estimulem o crescimento econômico com justiça social, sobra a José Serra a defesa de um “Estado musculoso que não se pareça com um lutador de sumô”. A direita, convenhamos, já foi bem mais feliz em metáforas.

O que o leitor lerá, até outubro, nas colunas da imprensa corporativa é tão previsível quanto a sucessão de dias e noites. O desequilíbrio do setor público será apresentado como resultante do modelo de intervenção do Estado na economia. O único problema é que, ao contrário da gestão neoliberal, não há qualquer evidência de exaustão macroeconômica. Na linha inversa do que afirma o credo conservador, o Estado não perdeu força como agente de desenvolvimento em uma economia complexa. Quem se mostrou um estorvo ao progresso, em razão de uma interferência caótica na vida das pessoas e das empresas, gerando privilégios para setores improdutivos, foi o mito do mercado como mecanismo capaz de regular-se a si mesmo.

Como repete incansavelmente o presidente Lula, a mudança na orientação da política econômica salvou o capitalismo brasileiro dele mesmo, democratizando seu funcionamento, a fim de sair de uma crise que parecia interminável. Manter as linhas mestras do atual governo corresponde a seguir o desafio a que se propôs Keynes, e ao qual devemos dar continuidade agora devido ao caráter cíclico das crises capitalistas.

Serra sabe que é herdeiro de um legado assustador. O governo ao qual se opõe foi capaz de ultrapassar o modelo supostamente modernizante e concentrador de rendas, herdado do consórcio liderado pelo PSDB, para uma etapa caracterizada pelo trinômio “crescimento-distribuição-participação”. Os critérios de escolha, em outubro, estão dados pelos êxitos obtidos pelo campo democrático-popular: retomada do desenvolvimento econômico e tomada de medidas voltadas para a redistribuição de renda e riqueza entre classes e regiões. Tudo isso realizado por atores políticos capazes de hierarquizar adequadamente as prioridades e de tratá-las dentro de um arcabouço de legalidade. Será de pouca valia argumentações que desconsiderem situações políticas novas e completamente distintas das que existiam em 2002.

A situação piora quando José Serra chama o Mercosul de farsa e ataca a ações diplomáticas levadas a cabo no atual governo. Fica claro que seu projeto de política externa seria guiado pela subalternidade aos desígnios estadunidenses e não pela realização mais plena da convivência internacional soberana. Só mesmo uma miopia conservadora, colonizada, de caráter quase religioso, pode justificar esse posicionamento.

Se a direita acredita ter alguma chance no terreno da moralidade abstrata, incorre em outro um equívoco colossal. Há algum tempo, com a inclusão crescente de amplos setores da população na esfera do consumo, o brasileiro compreendeu que toda a campanha contra o governo petista envolveu apenas um moralismo de fachada.

Sob o espetáculo midiático, a defesa de valores abstratos é feita por pessoas que sempre foram coniventes com a injustiça social. A pedagogia do cotidiano removeu argumentos que não passavam de cortina de fumaça para encobrir outros interesses. A sabedoria do senso comum já aprendeu que a pior imoralidade é condenar o povo, depois de séculos, a continuar a ser explorado, a não ter onde morar, o que comer, a viver em um estado de miséria e ignorância. E agora, José? Qual o próximo dossiê a ser apresentado como substituto a um projeto de país?

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

O PSDB na TV

Marcos coimbra


O PSDB na TV

No fundo, o que ele gostaria é fazer com que as pessoas olhassem Serra e vissem um Lula. Com as mesmas origens humildes, a mesma luta contra os poderosos, o mesmo carinho com os mais pobres

Quinta feira, em rede nacional, a candidatura Serra fez uma avant-première do que será sua linha básica de comunicação na televisão e no rádio. Na verdade, do que será sua campanha propriamente dita, pois todas as demais mídias, face ao poder dos meios de comunicação de massa, são quase nada.

A oportunidade foi o programa partidário do PSDB, que, como todos que o antecederam e todos que o sucederão, de partidário só teve o nome. Quem está de acordo com a tese de que esses programas se destinam à asséptica divulgação da "doutrina" dos partidos, como consta de nossa anacrônica legislação sobre o tema, herdada da ditadura militar, terá ficado incomodado. Quem acredita que cabe aos próprios partidos estabelecer o que dizer à população, respeitados os princípios constitucionais, viu com naturalidade que fosse usado com finalidade eleitoral.

Como havia feito o PT semanas atrás com Dilma, o PSDB dedicou seu programa a promover a candidatura Serra. Seria sem sentido discutir se um foi mais eleitoral que o outro. Foram iguais, cada um à sua maneira, em função das diferenças entre os dois candidatos.

No programa tucano, pudemos ver a radicalização da proposta com que o partido pretende disputar a sucessão de Lula. Da primeira à última imagem, só Serra apareceu. A ideia da eleição como uma disputa de biografias esteve presente o tempo todo.


Ninguuém mais falou, nem as lideranças formais do partido, nem seus principais quadros. É como se nada mais interessasse, se só houvesse uma dimensão à qual o eleitor devesse prestar atenção: a pessoa do candidato.

É verdade que, vez por outra, em fotos antigas, algumas personalidades do PSDB passaram rapidamente pela tela – Mario Covas, José Richa, Fernando Henrique – mas nenhum nome foi mencionado. Quem não prestasse atenção talvez sequer os percebesse, pois a locução só destacava a trajetória de Serra.

Nas crônicas do marketing político brasileiro, há o registro de como, no passado, Serra havia sido contrário à utilização de sua biografia pessoal na argumentação de campanha. Os profissionais que trabalharam em suas candidaturas anteriores lembram que chegou a proibir que fosse dito quem eram seus pais, o que faziam, em que bairro havia nascido. Para ele, o correto era deixar questões como essas de fora das disputas políticas.

Agora, ao que tudo indica, esses cuidados foram aposentados. Se é para falar de biografias, se é para chamar a atenção para as pessoas que se enfrentam, se não se podem citar outros nomes, que venham as imagens familiares, os closes de rostos emocionados, as fotos amareladas da vida privada.

No tratamento do lado público da biografia do candidato, o programa foi cauteloso ao evitar qualquer confrontação política e programática com Lula e seu governo. A longa apresentação das muitas coisas que Serra fez como parlamentar, ministro (especialmente da Saúde), prefeito e governador em momento algum deixou claro se há diferenças entre o que ele e o PT pensam.

O programa se limitou a valorizar uma espécie de fazer abstrato ("Dá para fazer mais!"), no qual desaparece a noção de que uns pensam (e fazem) de um jeito e outros pensam (e fazem) de outro. É como se as diferenças políticas entre PSDB e PT fossem secundárias e as administrativas mais importantes, caso em que a disputa Serra vs. Dilma se tornaria uma comparação quantitativa: quem tem mais atributos para fazer, fundamentalmente, as mesmas coisas.

Mas, talvez, o sonho secreto do programa do PSDB na televisão fosse mais ambicioso. No fundo, o que ele gostaria é fazer com que as pessoas olhassem Serra e vissem um Lula. Com as mesmas origens humildes, a mesma luta contra os poderosos, o mesmo carinho com os mais pobres, a mesma emotividade à flor da pele. Apenas com mais formação acadêmica e mais currículo.

Se o PT vem com a candidata de Lula, por que o PSDB não poderia vir com o próprio, na encarnação Zé Serra?

Só resta saber se é metamorfoseado em Zé Serra que José Serra poderá ganhar, evitando a confrontação ideológica e política que muita gente espera que ocorra nestas eleições e que faz falta em nosso debate político.