quarta-feira, 2 de junho de 2010

Serra e a sétima fase do discurso contra Lula

Há uma longa história por trás das vacilações do presidenciável oposicionista José Serra (PSDB), entre a linha "Paz e Amor" e o ataque ao governo mais popular da história. Desde que Luiz Inácio Lula da Silva chegou à presidência, em 2003, o bloco demotucano tenta acertar o tom do seu discurso, mas tem tido dificuldades para aprender a ser oposição. Aqui vai um apanhado sintético das tentativas.


Por Bernardo Joffily



2003: "Ele não vai conseguir governar"

A posse do presidente torneiro-merânico foi acompanhada pelo PSDB, o PFL (hoje DEM) e os barões da mídia com uma expectativa meio perplexa, meio condescendente e meio esperançosa. Havia a esperança de que as novas forças que chegavam ao Planalto iriam tropeçar nas próprias pernas.

As duas primeiras capas da Veja em 2003 espelham o tom dessa fase: depois de Lula de mel, veio Trapalhadas na decolagem. Havia ainda quem previsse graves problemas do governo no Legislativo. Afinal, as duas legendas agora oposicionistas somavam 155 deputados, mais que os 151 da base inicial de Lula (PT, PCdoB, PSB, PL e PCB), e tinham relações longamente cultivadas com as siglas de centro.

Essa esperança começou a se frustrar já em fevereiro, quando o governo recém-empossado viu a Câmara e o Senado elegerem para presidentes dois aliados, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP). Ali os aprendizes de oposicionistas constataram que tinham pela frente não um incidente fortuito, mas um novo ciclo político. Foi quando o ex-presidente Fernando Henrique queixou-se de um "perigoso rolo compressor que avança na oposição".

2004-2005: A escalada dos escândalos

Logo o bloco demo-tucano-midiático enveredou por outro caminho, que lhe pareceu promissor: as denúncias de escândalos de corrupção. A longa série começou com o Escândalo Waldomiro Diniz (março de 2004) e foi num crescendo até o Escândalo do 'Mensalão' (junho-agosto de 2005).

A oposição a Lula retomava assim uma tradição muito cara aos seus antecessores da UDN pré-golpe de 1964. Os udenistas também tinham feito oposição pela direita aos governos de Getúlio, Juscelino e João Goulart. E tinham como carro-chefe justamente as denúncias de corrupção.

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